domingo, 31 de outubro de 2010

« Festa da democracia »

No Brasil é costume ouvirmos  a imprensa, cientistas e comentaristas políticos  se referirem ao dia da eleição como “ a festa da democracia”, como se nesta data os cidadãos brasileiros fossem felizes da vida escolher livremente os seus representantes.

Na verdade, se viu de tudo nesse segundo turno, menos motivos para festa.  O debate das idéias e de projetos para o Brasil e para a Paraíba passou longe dos candidatos em disputa. Para arrebanhar votos, vários candidatos partiram para o jogo baixo fazendo insinuações preconceituosas contra seus adversários e adotaram o patrulhamento religioso como forma de definir o voto, até mesmo o Papa achou-se no direito de orientar a Igreja Católica Brasileira a estabelecer uma pauta religiosa para seus fiéis sintonizada com a política nesta última semana.

Nesta eleição, ao menos aqui na Paraíba, descobrimos que pintores e escultores ao concluírem suas obras deveriam submetê-las ao crivo de sarcedotes e a um grupo de “notáveis” defensores dos valores divinos, para não correrem o risco de verem sua arte satanizada.

Em efeito, ao mergulhar a Paraíba, e o Brasil, em uma campanha política com valores medievais, os candidatos demonstram não estarem preparados para o enfrentamento dos nossos problemas.

Assim, chegamos ao final da campanha e não sabemos ainda quais as diferenças entre a proposta econômica de Serra e Dilma. Qual dos candidatos vai priorizar os investimentos em educação, ciência e tecnologia para inserir o Brasil no clube dos países de alto desenvolvimento tecnológico? Concretamente como fica a questão da Reforma Agrária, o que pensam os candidatos para além da propaganda? Como sairemos dos programas sociais compensatórios para uma sociedade do pleno emprego?

Já no caso da Paraíba,  qual é a proposta concreta das candidaturas de Maranhão e Ricardo para o nosso desenvolvimento econômico e social? Qual será o carro chefe para alavancar nossa economia? Na questão da educação quais as diferenças existentes entre os dois projetos? Como resolver as deficiências do serviço de saúde pública? Era resposta a estas questões que certamente a população paraibana esperava ouvir neste segundo turno.

Como se ainda não bastasse todo esse quadro despolitizante, a sociedade paraibana ainda é vítima da política da compra de votos às vésperas da eleição.

Desta forma, quero concluir dizendo que este dia 31 de Outubro não é um dia de festa para a democracia, mas sim uma data para refletirmos sobre como transformarmos as eleições em um processo onde todos os candidatos tenham condições iguais para apresentarem suas propostas e que estas sejam o centro das discussões, o que permitirá ao eleitor fazer a opção que melhor lhe convier. Essa é nossa responsabilidade como cidadão brasileiro, pois tenho certeza que a classe política não está a altura desse desafio.  Essa luta transcendo o período eleitoral.

Campina Grande, em 30 de Outubro de 2010

Obs: devido a legislação eleitoral os comentários estão suspensos

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