sexta-feira, 5 de novembro de 2010


Governo e oposição: quais os rumos?

Passada a ressaca eleitoral é hora de começarmos a analisar o quadro político da Paraíba, considerando para isso a movimentação das forças políticas que atuam no nosso Estado. Para tanto, trabalho com a construção de dois cenários seja para o governo seja para a oposição liderada pelo PMDB.

No primeiro cenário governista, considerando a homologação da candidatura de Cássio C. Lima, teremos um governo sob o comando de Ricardo Coutinho, contando, porém, com uma forte presença de aliados de Cássio e, em menor número, dos Democratas. Isso significará limitações nas opções políticas do futuro governo, dando uma cara de governo de coalizão. Além da liderança pessoal de Cássio, isso decorre, também, do fato deste ser Senador da República e dos Democratas contarem com Efraim Filho Dep. Federal, além de seus partidos possuírem mais de uma dezena de Deputados Estaduais e alguns outros aliados. Neste cenário Ricardo e Cássio serão lideranças estaduais de igual envergadura.

Considerando-se que o STF venha a manter a impugnação da candidatura de Cássio C. Lima, este continuará sendo uma forte liderança no Estado, porém com um peso cada vez menor à medida que se ampliará a influência de Ricardo Coutinho, através da força do cargo. No entanto, mesmo neste caso, a liderança absoluta de Cássio, em Campina Grande, se manterá ao menos até as eleições de 2012 quando tentará emplacar um nome de sua confiança na prefeitura. Neste cenário Coutinho terá mais liberdade para tocar o seu governo, mais enfrentará a oposição de três Senadores.

Quanto ao bloco liderado pelo PMDB, também temos dois cenários distintos, dependendo do papel que José Maranhão venha assumir a partir de janeiro. No caso deste tomar a decisão de vir a ser candidato a Prefeito de João Pessoa, o mesmo tentará assumir um cargo de grande envergadura no governo Dilma (resta saber se o PMDB nacional banca) que tenha capilaridade suficiente para lhe dar visibilidade em João Pessoa e na Paraíba, potencializando suas pretensões. Neste cenário, ele manterá a perspectiva de poder no médio prazo e, conseqüentemente, a unidade do partido na Assembléia Legislativa e também na Bancada Federal, além de continuar no comando do partido no Estado.

No caso de Maranhão optar não por disputar a Prefeitura da Capital, ele possivelmente estará decidindo assumir um espaço secundário na política paraibana a partir de então. Neste caso, o Prefeito Veneziano muito provavelmente o defenestrará da cadeira de presidente do PMDB e da posição de seu líder maior. Desta forma, no comando do partido, Veneziano tentará impôr a sua marca buscando constituir-se como principal líder da oposição, mantendo alguns remanescentes da “era Maranhão”, na tentativa de pavimentar seu caminho para 2014, cujo êxito dependerá dos resultados da gestão do PSB. Tudo isso, se Veneziano conseguir se manter na Prefeitura de Campina Grande.

Por fim, temos também os partidos de esquerda (PSOL, PSTU, PCB) que devem desempenhar uma política de oposição sistemática aos três níveis de governo, pautada na defesa dos interesses populares como Educação e Saúde Pública de qualidade, entre outros, os quais serão secundarizados pelos  partidos do campo da esquerda governista e pela oposição pmdbista.

Concluindo, pode-se afirmar que ao prevalecer o primeiro cenário apontado para o bloco governista teremos o surgimento de um novo campo político originado da união estratégica entre o grupo Cunha Lima e o coletivo de Ricardo Coutinho, o qual terá a oposição de um novo bloco de forças formado pelo PMDB, seja com Maranhão ou com Veneziano, e por Cícero Lucena que se afastará definitivamente de Cássio. Já no campo social caberá aos partidos de esquerda e especialmente ao Psol, que buscará ocupar o espaço que outrora foi do PT na política paraibana, representar as demandas populares e construir o enfrentamentos às políticas nocivas aos interesses do povo.

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