sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A mudança que ainda não veio

Nas eleições de 2010 seis candidaturas se enfrentaram pelo governo da Paraíba.  Destes, quatro candidatos representavam a diversidade do campo da esquerda enquanto os outros dois representavam o centro, à direita, o conservadorismo e as oligarquias, cada um com a sua medida. Entretanto, um dos candidatos desse campo amplo tinha um forte histórico de militância pela esquerda e utilizou essa sua característica para convencer a população que, apesar de aliado a partidos e políticos conservadores, ele representava um projeto de mudança e desenvolvimento para a Paraíba.
Assim, com base em um passado de esquerda, um presente com a direita e um futuro na (in)certeza, tudo isso aliado a uma boa maquiagem na cidade de João Pessoa, foi construído o discurso da mudança que elegeu Ricardo Coutinho para ser o novo inquilino do Palácio da Redenção.
Entretanto, passado quase um mês do processo eleitoral, não se percebe nenhum sinal de mudança quando se observa as articulações para composição da bancada de sustentação do futuro governo. De fato, o que se vê são movimentações no sentido de trazer para o bloco Ricardista parlamentares que foram eleitos no campo aliado ao PMDB. Quais os argumentos para convencer tão rapidamente os deputados a fazerem tais deslocamentos? No folclore político brasileiro isso é conhecido como a prática do “é dando que se recebe”.
No nosso entendimento, um verdadeiro projeto de mudança para o Estado da Paraíba já deve começar na condução da política. Isto significa que o governador eleito deve conduzir a gestão, a princípio, a partir da base social e política que o elegeu ao passo que, concomitantemente, estabelece diálogos com o bloco da oposição a partir de uma pauta de interesses do povo paraibano. Agindo desta forma, o governador estará construindo uma relação republicana com a bancada de oposição.
            Entretanto, quando estabelece um processo de cooptação, está na verdade enviando sinais que durante o seu governo será possível uma relação política no varejo. Em efeito, é exatamente isso que setores do futuro governo vêm fazendo. Como convencer parlamentares do PT, PSC, PSL e até mesmo do PSDB cicerista a comporem com o governo? Com certeza, não vale a resposta da afinidade política, porque se assim o fosse teriam construído uma aliança para o processo eleitoral.
            É preciso entender que o processo de mudança tem de permear todo o governo nas suas diversas fases. Ninguém muda um governo a partir da metade, é preciso mudar desde a gênese, pois do contrário todo o resto será comprometido.
            Por fim, gostaria de salientar que sou daqueles que torcem para que Ricardo Coutinho tenha sucesso no seu governo. Porém, isso não significa abrir mão da crítica. Muito pelo contrário estarei vigilante na cobrança das promessas de campanha e, principalmente, na defesa das demandas populares.

Nelson Júnior
Presidente do PSOL/PB

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